História começou em 2011, quando dona Laureci tentou sacar da aposentadoria e não conseguiu. Ela não recebe a aposentadoria há 13 anos.
Em Cuiabá, a aposentada Laureci Silveira, de 86 anos, briga na Justiça para provar que está viva e voltar a receber a aposentadoria, que está pendente há 13 anos.
Ela mora sozinha no Bairro Cohab São Gonçalo e, pela idade e direitos previdenciários, deveria estar recebendo aposentadoria.
Por um erro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dona Laureci é considerada uma pessoa homônima, ou seja, possui o mesmo nome e idade que uma outra pessoa que já morreu. Por causa disso, o sistema do INSS entendeu que ela está morta.
“Eu não sabia! Eu tava morta e não sabia!”, diz.
Na geladeira, a idosa mostra o que tem: manga e água. Devido aos problemas de saúde, ela não consegue mais trabalhar e quem paga as contas de casa é o filho e ela sobrevive com a ajuda de amigos que doam alimentos.
“Dependendo, um me dá pão, o outro me dá almoço, o meu filho paga a luz, compra as coisas pra mim, então assim que eu estou”, diz.
Embora esteja viva e há mais de 10 anos sem o benefício, a idosa nunca conseguiu resolver o problema. A situação se tornou um desespero em 2011, quando dona Laureci foi ao banco sacar o benefício, como fazia todos os meses, e ficou sabendo que não havia nenhum valor disponível para ela. Por falta de conhecimento, ela foi embora e sequer procurou saber o que tinha acontecido.
“Fui no banco e falaram que estava constando que estava cortado e pensei: Sabe de uma coisa? Vou trabalhar! Naquela época eu ainda aguentava, mas depois que peguei chikungunya não aguentei mais”, conta.
Por meio de nota, o INSS respondeu sobre o caso e informou que em casos de homônimos, a situação pode ocasionar a suspensão do benefício da pessoa no sistema automatizado. Foi identificado que uma pessoa com o mesmo nome de Dona Laureci, que morava no Paraná, morreu. Assim, ela perdeu o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
“Casos de homônimos ocorrem quando duas pessoas possuem dados idênticos, como nome, nome da mãe, data de nascimento e naturalidade. Essas coincidências podem ocasionar equívocos em sistemas automatizados, como no caso recente da senhora Laureci Silveira”, diz trecho da nota.
A advogada especialista em benefícios previdenciários Talissa Nunes de Souza, se interessou pelo caso de dona Laureci, e luta para restabelecer os direitos da idosa. Ela acredita que ainda este ano, dona Laureci volte a receber a aposentadoria.
“A gente vem buscando junto a Justiça e ao INSS restabelecer esse benefício para que a gente possa dar o mínimo de dignidade para essa senhora. A única coisa que infelizmente ela vai ter de prejuízo é que ela não consegue receber todo o período pela demora por falta de conhecimento por parte dela então ela só recebe dos últimos cinco anos”, explica.
Enquanto o problema não é resolvido, dona Laureci segue firme e cheia de esperança de um dia poder voltar a ter o mínimo de dignidade.
“A gente tem fé, tem esperança e só agora eu estou meio assim, abatida. Não é bom viver dependendo dos outros e vocês estão vendo que eu não tenho nada!”, conta.
Via | G1
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