O simbolismo das cinzas na quaresma: significado e origens
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O simbolismo das cinzas na quaresma: significado e origens

A Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, inicia-se com a Quarta-
feira de Cinzas, marcada pelo ritual da imposição das cinzas. Neste artigo, exploraremos o significado e a origem das cinzas utilizadas durante esse tempo litúrgico, mergulhando nos aspectos simbólicos e históricos que envolvem essa prática milenar

SIGNIFICADO DAS CINZAS NA QUARESMA:

O Papa Bento XVI destacou em uma audiência geral que as cinzas são um convite à penitência e ao aprofundamento do compromisso de conversão para seguir o caminho do Senhor. O padre Antonio Lobera y Abio, do século XIX, ressalta que a penitência deve ser acompanhada por arrependimento e dor por ter ofendido a Deus. O Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia afirma que o rito das cinzas é mais do que um gesto exterior, sendo um sinal da atitude penitente do coração que cada batizado deve adotar durante a Quaresma.

As cinzas também simbolizam a mortalidade humana, como evidenciado pela frase pronunciada durante a imposição: “Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar.” Essa lembrança da efemeridade da vida é uma parte crucial do simbolismo das cinzas na Quaresma.

ORIGEM DAS CINZAS NA QUARESMA:

No Antigo Testamento, as cinzas eram usadas para expressar luto, desejo de obter favor de Deus e arrependimento. Durante a Quinta-feira Santa, os primeiros cristãos aplicavam cinzas sobre a cabeça como um hábito penitencial público. Embora a Quaresma tenha adquirido um caráter penitencial no século IV, o rito da imposição das cinzas foi formalmente implementado apenas no século XI. Desde então, tornou-se uma prática disseminada na Igreja Católica e foi adotado por outras denominações cristãs com variações nos rituais.

A PALAVRA “QUARESMA”: ORIGEM E SIGNIFICADO:

A palavra “Quaresma” derivou-se do latim “quadragésima,” originalmente um adjetivo usado no início de uma frase que se referia aos 40 dias de preparação para a Páscoa. Ela transformou-se no nome do período litúrgico, destacando a importância da preparação, reflexão e penitência durante esses dias que antecedem a celebração da Ressurreição de Jesus.

350 D.C

Por volta do ano 350 d.C., a Igreja tomou a decisão de estender o período de preparação para a Páscoa, que inicialmente durava apenas três dias, mantendo-se como o Tríduo Sagrado da Semana Santa: Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa (Paixão) e Sábado Santo. A motivação para essa mudança foi a percepção dos cristãos de que um intervalo de apenas três dias não era suficiente para uma preparação adequada a um evento tão crucial e central como a Páscoa. Assim, surgiu a Quaresma, um período ampliado de 40 dias dedicado à reflexão, penitência e preparação espiritual.

40 DIAS E 40 NOITES

O número 40 possui uma profunda significância nas Sagradas Escrituras. O dilúvio, que simbolizou a purificação da humanidade pelas águas, durou 40 dias e 40 noites. O povo hebreu percorreu o deserto rumo à terra prometida por 40 anos, atravessando o Mar Vermelho. Antes de receber o perdão de Deus, os habitantes de Nínive realizaram uma penitência de 40 dias. O profeta Elias caminhou 40 dias e 40 noites para alcançar a montanha de Deus. Jesus, preparando-se para sua missão, jejuou por 40 dias e 40 noites, uma prática também seguida por Moisés.

O número 40, portanto, assume diversos significados simbólicos e é associado a um tempo de intensa preparação para eventos marcantes na História da Salvação. Essa riqueza simbólica confere à Quaresma um profundo valor espiritual, convidando os fiéis a uma jornada de reflexão, arrependimento e crescimento espiritual em antecipação à celebração da Páscoa.

QUARESMA NO BRASIL:

A Igreja no Brasil, a partir da década de 70, incorporou a Campanha da Fraternidade ao período da Quaresma, buscando reforçar a vivência do amor e da caridade entre os fiéis. A iniciativa visa concretizar a prática da fraternidade, seguindo o mandamento do amor ao próximo, exemplificado pelo sacrifício de Jesus.

As cinzas na Quaresma não são apenas um símbolo ritual, mas carregam um profundo significado espiritual e histórico. Elas lembram a efemeridade da vida, convidam à penitência e servem como um ponto de partida para uma jornada espiritual mais profunda durante o período preparatório para a Páscoa.

Informações: Vatican News CNBB – Nacional

Via | Renan Dantas – Diocese de Juína

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