Nutrição e saúde mental: uma dupla campeã no esporte
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Nutrição e saúde mental: uma dupla campeã no esporte

Além de sua função natural, a Nutrição esportiva tem outra atribuição muito relevante que é o suporte e complementação da saúde mental dos atletas de competição. A alimentação tem muita influência na concentração, energia, humor e consequentemente nos resultados dos competidores de esportes de alto rendimento. Para ajudar tanto no bem-estar físico como mental dos esportistas uma condição básica é que recebam alimentação equilibrada e rica em nutrientes.

Hoje em dia é possível afirmar com segurança que a nutrição equilibrada promove o bem-estar de modo geral e contribui para prevenção de transtornos psicológicos. Deste modo devem fazer parte da vida de um campeão, sobretudo, frutas, legumes, cereais integrais, carnes magras, peixes e grãos. No entanto, convém alertar que a alimentação é apenas um dos elementos que têm influência na saúde mental.

São importantes também o sono, o treinamento físico adequado sem ultrapassar os limites do indivíduo, e também o apoio naquelas situações de relacionamento social, em que é preciso enfrentar crises, estresse ou readaptação. Os alimentos corretos contribuem ainda na recuperação muscular, por fornecer a energia necessária, e ainda fortalecer o sistema imunológico e diminuir a susceptibilidade a infecções e lesões. Atletas saudáveis fisicamente ajudam muito a ter a cabeça no lugar.

Uma dieta bem balanceada fornece os nutrientes indispensáveis para o bom funcionamento cerebral e a regulação dos neurotransmissores, aquelas substâncias químicas produzidas pelos neurônios que transmitem informações entre as células nervosas. Eles são fundamentais para o equilíbrio mental. Além disso, ingerir alimentos com propriedades ‘anti-inflamatórias’ como frutas, legumes e peixes gordurosos, pode ajudar a reduzir inflamações no cérebro, que estão ligadas intimamente a transtornos mentais, como ansiedade e depressão.  

Nutrientes, por exemplo, como triptofano, que está presente no chocolate amargo, banana e sementes, auxilia na produção da serotonina, um neurotransmissor que promove o bem-estar, melhorando o sono, o humor, a memória e o apetite. São condições psicológicas fundamentais para um atleta ter bons resultados.

Saber usar bem os alimentos pode ser ainda relevante naquelas terapias integradas para a prevenção e tratamento em atletas com transtornos mentais. A comida também está ligada à melhoria da memória e atenção. Hoje, já se sabe que nutrientes como o ômega-3, encontrado em peixes gordurosos, e vitaminas do complexo B, que estão em cereais integrais, são imprescindíveis para o desenvolvimento da capacidade de cognição, o bom funcionamento do cérebro e de todo o sistema nervoso central. Essencial para o transporte de oxigênio para as células, o ferro é outro elemento que trabalha com eficiência no apoio às atividades cerebrais.

Já a vitamina D, zinco e magnésio ajudam a reduzir sintomas de ansiedade e depressão. Nos últimos tempos, por sinal, vários atletas famosos demonstraram o quanto estar com a ‘mente sã’ é importante para a vida esportiva. A ginasta Simone Biles, o surfista Gabriel Medina, e a tenista Naomi Osaka, por exemplo, reconheceram que era essencial dar um tempo para a saúde mental e naturalmente voltaram melhor.

Como se vê, o estresse e pressão estão sempre presentes na vida de um competidor e para aliviá-los uma dieta equilibrada, bem abastecida com vitaminas e minerais, ajuda muito a reduzir os níveis de cortisol, que é um hormônio ligado a esses estados mentais. A queda hormonal no caso gera sensação de calma e relaxamento.

Para um praticante de esporte de ponta a água é mais um alimento vital e por isso a desidratação pode afetar negativamente o humor e a capacidade de concentração do atleta. Sendo assim se hidratar antes, durante, e depois dos treinos e competições é primordial. Além da importância para o funcionamento do organismo, a hidratação pode contribuir muito nas cicatrizações. Portanto, os lutadores de MMA, boxeadores, judocas, karatecas, taekwondistas, entre outros atletas contendores, devem fazer uso continuamente desse ‘remédio natural’. Quanto mais rápido se recuperarem de lesões mais entusiasmados e bem dispostos para novos desafios vão ficar.

Uma ‘Vida doce’ definitivamente não é para quem quer ser vencedor em competições porque a estabilidade do açúcar no sangue é uma questão essencial.  Apresentar picos e quedas nos níveis de açúcar no sangue pode levar a mudanças de humor, irritabilidade e principalmente dificuldade de concentração. Um detalhe como esses pode ser o suficiente para se chegar ou não a uma vitória.

Um atleta de alta performance precisa comer em horários regulares, porque ajuda a manter estabilizado o nível de glicose no sangue e a prevenir picos de fome, o que poderia gerar compulsão por alimentos em certos períodos. Segundo especialistas, uma dieta bem planejada, com carboidratos complexos e proteínas, consegue manter estáveis os níveis de açúcar no sangue.

Conhecido como o “segundo cérebro”, o intestino é um órgão que precisa ter seus microrganismos num ecossistema bem equilibrado. A principal razão é que influem diretamente na produção de neurotransmissores e na comunicação entre o intestino e o cérebro. Alimentos com fibras, probióticos (com bactérias benéficas) e prebióticos (com carboidratos não-digeríveis que estimulam o crescimento de bactérias saudáveis) enriquecem a flora intestinal, e isso é altamente positivo ao bem-estar da cabeça de um campeão.

Um atleta de alta performance tem que estar com o corpo sempre equilibrado físico e mentalmente. O desempenho e resultados vistos em todas as modalidades esportivas só têm confirmado o quanto o cérebro tem sido decisivo no resultado final, por isso é preciso sempre alimentá-lo muito bem.

Via | Thamires Roberta Felix Bastos é nutricionista e pós-graduanda em nutrição esportiva e estética.

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