O atraso no plantio é um desafio que exige do produtor um planejamento cuidadoso e a adoção de práticas de manejo adequadas. Conforme o boletim informativo do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) o plantio de soja no estado segue com atraso e registra o menor ritmo das últimas três safras para o período.
A irregularidade das chuvas em Mato Grosso impediu o cumprimento do calendário de plantio da soja para a safra 2024/25, resultando em um avanço da semeadura de apenas 55,73% dos 12,66 milhões de hectares previstos até meados de outubro. Esse atraso, comparado aos 70,05% de área plantada no mesmo período do ano anterior, evidencia o impacto das condições climáticas adversas na produção de soja no estado.
O início mais seco da safra cria um ambiente propício para a proliferação de pragas e doenças, devido as plantas estarem mais debilitadas. Ao tomar as medidas corretas, é possível minimizar os impactos dessa situação e garantir a sustentabilidade da produção agrícola.
Neste momento de preocupação dos produtores, a orientação de uma consultoria técnica é fundamental para bons resultados da lavoura. Pioneira em pesquisas, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) possui as ferramentas necessárias para auxiliar na hora de fazer boas escolhas.
De acordo com a pesquisadora da área de entomologia da Fundação MT, Drª. Lucia Vivan, a seca, pode contribuir para o aumento mais rápido e a colonização de mosca branca na soja, e os danos podem iniciar em estádios mais precoces da soja, como fumagina nas folhas, seca e queda prematura de folhas, o que pode ocasionar perdas de produtividade. A lagarta elasmo, os coleópteros e a lagarta Spodoptera frugiperda já vêm causando danos significativos às plantas, comprometendo o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.
“Além disso, a infestação por tripes (Frankliniella schultzei) tem se intensificado, especialmente em algumas áreas, podendo levar à deformações nas folhas e flores, e, consequentemente, à queda na produtividade”, relatou Lúcia.
O monitoramento constante das lavouras, a adoção de práticas de manejo integrado de pragas como uso de produtos biológicos, produtos químicos recomendados para os alvos, são algumas das estratégias que podem ser utilizadas para minimizar os danos e garantir uma produção sustentável.
“O tratamento de sementes é importante nesse momento, mas se o período seco continuar, a pressão dessas pragas iniciais aumenta, como é o caso do cascudinho-da-soja (Myochrous armatus). Quando as plantas têm germinação lenta o impacto deste inseto é maior, podendo ter perdas de plantas”, acrescentou.
RISCOS DE NEMATOIDES – Em Mato Grosso, na atual safra, a região médio norte lidera o plantio, com 73,97% das áreas cultivadas, enquanto a região nordeste registra o menor percentual, com apenas 35,23% da área plantada.
A falta de água causa estresse nas plantas, tornando-as mais suscetíveis ao ataque de nematoides. As raízes de plantas enfraquecidas pela seca são alvos mais fáceis para esses parasitas, que se alimentam de seus tecidos.
O risco é significativo quando o produtor não tem conhecimento sobre a situação em sua área.
Conforme a pesquisadora da área de nematologia da Fundação MT, Drª Tania Santos, a falta de conhecimento sobre a infestação por nematoides em uma área de cultivo pode agravar significativamente os problemas, especialmente em anos de seca. Diagnosticar precocemente a presença desses parasitas é crucial para a adoção de estratégias de controle eficazes.
“O uso de cultivares resistentes, a rotação de culturas, o controle biológico e, em alguns casos, a aplicação de nematicidas químicos, são ferramentas importantes nesse processo. A seca pode intensificar os problemas causados pelos nematoides, tornando o diagnóstico precoce e a adoção de medidas preventivas ainda mais essenciais”, pontuou Tania.
A pesquisadora enfatiza, ainda, que para um controle eficiente dos nematoides, o primeiro passo é realizar um diagnóstico preciso.
“A análise nematológica é a forma mais utilizada para identificar a presença e a quantidade de nematoides em uma área. Através dessa análise, é possível determinar a espécie, raça, população e a distribuição dos nematoides na área de cultivo, essas são informações essenciais para a escolha das estratégias de controle mais adequadas. Recomenda-se que essa análise seja realizada durante a safra vigente, ou seja, aproximadamente 70 dias após o plantio, para que o produtor tenha tempo de planejar de maneira assertiva a safra seguinte e adotar o manejo dos nematoides mais eficaz em sua área”, afirmou Tania.
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