Mais que hobby, cutelaria também é profissão
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Mais que hobby, cutelaria também é profissão

Atividade promissora, a arte de fazer facas artesanais pode render ganhos acima de dois dígitos por peça produzida. Conheça os passos para se tornar um cuteleiro

A cutelaria é a fabricação artesanal de instrumentos de corte, como facas, canivetes, espadas, tesouras e outras lâminas. Esta atividade milenar nasceu junto com a civilização e evoluiu com a industrialização. Mas, nas últimas décadas, voltou a ganhar força como hobby e também como profissão. Devido à crescente demanda e alto valor agregado, tem atraído pessoas que se dedicam exclusivamente à atividade.

O país já tem 2.300 cuteleiros profissionais registrados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo tão nichada, a cutelaria artesanal movimenta cerca de 10 milhões de reais por ano. A maior parte deste mercado está na região sul, mas, em Goiás, ela também tem seus adeptos. Tanto é que Goiânia vai receber um encontro nacional de cuteleiros, agendado para 12 a 14 de julho na Villa Cavalcare –  Goiânia Knife Show.

O cuteleiro Tiago Silva, de Anapólis, será um dos expositores deste evento. Ele é um exemplo de quem abraçou a profissão. Há 15 anos, ele começou a dedicar-se às facas artesanais como um hobby e hoje esta é sua atividade exclusiva. Ele produz peças por encomenda que vão de R$600 a R$45 mil. “Tudo depende da forma como a faca é produzida, da matéria-prima e dos detalhes. Cada peça é única”, diz

O cuteleiro Edison Okigami, de Trindade, é outro exemplo. Ele começou na cutelaria por hobby e, depois de se aposentar, passou a se dedicar à atividade integralmente, há três anos.  Dedica-se mais à restauração de peças de uso diário e artísticas, como facas de caça, para pesca, facas de cozinha, lamparinas, machados, entre outros. “Eu faço cada peça por amor à cutelaria, desta forma não fico com o meu tempo ocioso”, relata. 

O crescimento da atividade levou o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-GO) a incluir um curso de cutelaria em sua grade, desde 2022.  Com uma carga horária de 32 horas, o curso é itinerante e gratuito.  Desde a criação da iniciativa, que conta com a parceria dos sindicatos rurais, já foram promovidos mais de 89 treinamentos para mais de 800 participantes. Atualmente, a instituição está com 13 turmas agendadas até o mês de setembro. 

Na capital federal, a Universidade de Brasília (UnB) também oferece um curso de extensão com duração de uma semana desde os anos 2000.  O professor que ministra o curso, Milton Hoffmann, explica que naquela época, a internet não era tão acessível e a informação era limitada, o que levou muitas pessoas a buscarem um aprendizado mais formal e estruturado. “Esse curso é a primeira escola do gênero no Brasil e a segunda no mundo, oferecendo aos alunos uma base sólida para desenvolverem suas habilidades”, explica o professor.

Além do aprendizado prático, o curso também representa um importante ponto de referência cultural e artístico. “O nosso curso acabou se tornando uma referência e temos visto um impacto significativo na difusão e valorização da arte da cutelaria no Brasil”, diz ele

Como começar

Para quem quer começar na cutelaria, fazer o curso é o primeiro passo. Milton Hoffmann aconselha ainda que, mesmo após o curso, o aprimoramento deve ser contínuo. “Há diversas ferramentas online e cursos avançados disponíveis, ampliando ainda mais o alcance deste ofício milenar”, recomenda.

Também é preciso praticar e, para isso, o cuteleiro precisa de uma oficina. Tiago explica que é necessário investir em ferramentas básicas como a forja a gás ou carvão, a bigorna, os martelos, pinças específicas, esmeril, furadeira de bancada e um bom conjunto de limas e lixas. Além disso, uma lixadeira de cinta é crucial para atingir um nível maior de usinagem e alinhamento das peças. “Acredito que o investimento inicial pode ficar entre R$10.000 e R$15.000”, estima.

Para os iniciantes, ele recomenda começar com projetos simples para aprender as técnicas básicas antes de avançar para projetos mais elaborados. “Não pule etapas”, aconselha Tiago.

*Inspiração*

Conhecer o trabalho de cuteleiros renomados pode servir de inspiração para quem está começando no ramo. O Goiânia Knife Show (GKS), que acontece de 12 a 14 de julho na Villa Cavalcare, será uma oportunidade para isso, pois reunirá cuteleiros de todo o País, alguns com renome internacional. 

Entre eles, Dionatam Franco, que estará presente no evento GKS como jurado do concurso de facas. Ele é um dos quatro brasileiros detentores do título de Master Smith concedido pela American Bladesmith Society (ABS)

Os outros três cuteleiros com o reconhecimento internacional são Rodrigo Sfreddo, o primeiro a receber o título, Eduardo Berardo, ministrador de curso de forja, e  Fábio Barros, reconhecido na última edição do Blade Show Atlanta 2024, que aconteceu de 07 a 09 junho.                                                                              

Outro nome de referência é Gil Hibben, cuteleiro americano que se tornou conhecido por desenvolver a primeira linha de facas de caça Bowie em 1968, a American Kenpo Knife, para Ed Parker e a Rambo Knife para o filme de 1988 Rambo III 2008 Rambo.

“Vale a pena acompanhar o trabalho destes nomes, que são referência para todos que admiram o trabalho artesanal de desenvolver facas”, orienta Walter Motta, organizador do GKS.

Programação Goiânia Knife Show

Exposição e vendas de facas e de insumos para a cutelaria e churrasco, desafios e concursos para cuteleiros, gastronomia, shows e muita diversão

Sexta-feira – 12/07

15:00 – Recepção de cuteleiros e concurso das melhores facas 

17:00 – Abertura dos portões para o público e da praça de alimentação

18h – Julgamento das melhores facas –  O corpo de jurados é composto de nomes reconhecidos no segmento: MS Dionatan Franco, JS Ismael Biegelmeier, JS André Klen, Rick Lala. 

19:00 – Anúncio das melhores facas e entrega de premiação aos vencedores 

20:00 –  Show de abertura – A dupla sertaneja Léo Reis e Bruno são do interior do estado e traz um repertório raiz, cheio de modas de viola. Os cantores também têm composições próprias.

21:00 – Show da noite – Dixie Hills

A banda apresenta influências do country, blues, rockabilly e bluegrass, com o comando dos músicos Gustavo Rocchi, André Montel e Rafael Lima, que iniciaram sua trajetória em São José do Rio Preto (SP), no ano de 2010, mas desde 2013 se apresentam em Goiânia, com uma pegada de country rock e covers de grandes nomes do cenário musical mundial.

Sábado – 13/07

09:00 – Abertura dos portões para o público 

10:00 às 12:00 – Desafio da forja

Neste desafio, cuteleiros irão forjar uma faca ao vivo, usando o forno e bigorna. O objetivo é dar forma ao perfil da faca em 45 minutos. As inscrições são feitas no local e são limitadas a 12 participantes.

11:00 – Abertura da praça de alimentação

13:00 às 14:00 – Desafio da pista de corte 

Neste desafio, a faca do cuteleiro é colocada à prova de resistência para avaliar seu fio. Os testes envolvem o corte de uma tábua de madeira, uma corda, bola de tênis e folha de papel. As inscrições são feitas no local e são limitadas a 15 participantes.

15:00 – Workshop Aplicação do Ikoma Korth Bearing  System (IKBS) com Rick Lala

Rick Lala é um dos principais nomes na área de canivetes e vai falar sobre o sistema de rolamento para canivete desenvolvido por ele e adotada mundialmente. Duração: 40 minutos, aberto ao público.

18:00 – Show de abertura –  Gustavo Rocchi 

O vocalista da banda Dixie Hills irá fazer uma apresentação de voz, violão e gaita. Irá apresentar influências do country, Folk , clássicos regionais e internacionais. 

20:00  Show com Sandro Reis 

Natural de Aracaju, Sandro Reis possui mais de 20 anos de carreira e canta arrocha, um estilo musical nordestino. Sua trajetória inclui participações nas bandas nordestinas Jam Bahia, Grupo Amassa, Big Boys, Pássaro Livre e Asas Morenas

Domingo –  14/07

09:00 – Abertura dos portões para o público

10:00 às 12:00 – Desafio da forja (continuação)

Neste desafio, cuteleiros irão forjar uma faca ao vivo, usando o forno e bigorna. O objetivo é dar forma ao perfil da faca em 45 minutos. As inscrições são feitas no local e são limitadas a 12 participantes.

11:00 – Abertura da praça de alimentação 

14:00 – Workshop Buril Pneumático – com Rodrigo “Engraver”

Rodrigo Silva, mais conhecido como Rodrigo “Engraver”, é pioneiro e especialista no uso da ferramenta buril pneumático, e  atua há 15 anos como engraver. No workshop, irá mostrar aos cuteleiros como a ferramenta pode ajudar no desenvolvimento artístico das peças artesanais. Duração: 40min, aberto ao público.

16:00 – Workshop Defesa Pessoal e Combate com Facas com Rogério Roscio 

Rogério Almeida Roscio é instrutor de defesa pessoal pela Escola Superior de Polícia Civil de Goiás e pela Gerência de Ensino da Polícia Científica de Goiás. Ele também é instrutor de Kali Silat, um sistema de combate filipino que utiliza as lâminas. Duração: 30 minutos, aberto ao público.

16:30 – Premiação do melhor forjador e pista de corte 

17:00 –  Show de abertura com a Banda Mississipi 

A Banda Mississipi teve início nos anos 1990, com  apresentações em estilo country em todo território nacional e no exterior. Tem quatro álbuns gravados e já passou por grandes eventos como a Festa de Peão em Barretos e o Cowboy Forever, onde representaram o Estado de Goiás. 

20:00 – Show da noite com a Banda Toca Rock  

A Banda Toca Rock é uma formação recente no cenário musical goiano que tem conquistado cada vez mais público por seu estilo autêntico de interpretar o rock.  Suas inspirações são clássicos do rock nacional e ícones internacionais como Led Zeppelin, Guns’n Roses, Nirvana, Audioslave, Jimi Hendrix e Slash

Via | Assessoria Foto | Divulgaação

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