A fisioterapia para crianças com autismo é fundamental para apoiá-las no desenvolvimento das habilidades motoras e sensoriais, além de promover a interação social. Assim, elas podem ganhar mais confiança e independência, o que impacta não só a vida da criança, mas de toda a família

São Paulo, junho de 2024 – São muitas as questões que as famílias com crianças diagnosticadas com autismo podem enfrentar.  Dentro do Transtorno de Espectro Autista (TEA), pode haver desafios em áreas como interação social, habilidades de comunicação, processamento sensorial e coordenação motora. Os sintomas e a sua intensidade podem variar amplamente entre os indivíduos e os diferentes níveis de autismo.

Como detalha o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria, os níveis do autismo são classificados com base no nível de suporte necessário, sendo nível 1 (autismo leve), nível 2 (autismo moderado) e nível 3 (autismo severo).

A importância da fisioterapia

A fisioterapia desempenha um papel importante no cuidado e apoio integral às crianças com autismo, concentrando-se em abordar os desafios motores, as dificuldades de integração sensorial e promovendo o bem-estar físico geral.

“Cada criança é única. Típicas ou atípicas, todas podem apresentar dificuldades no desenvolvimento, e no caso das crianças com TEA, a fisioterapia é fundamental. Uma intervenção precoce pode impactar positivamente o desenvolvimento das habilidades motoras, além das habilidades sociais e de comunicação, promovendo a independência dessas crianças”, explica a Prof.ª Dra. Juliana Bilhar, fisioterapeuta com doutorado e mestrado em Ciências pela USP, especialista em Fisioterapia Neurofuncional.

As intervenções de fisioterapia para o autismo geralmente envolvem uma combinação de exercícios, atividades e técnicas destinadas a melhorar as habilidades motoras, a integração sensorial e a interação social. Essas intervenções são adaptadas às necessidades e habilidades específicas de cada criança.

Para a Prof.ª Dra. Juliana, com a fisioterapia, juntamente com outras terapias, as crianças podem experimentar uma série de benefícios que contribuem para o seu desenvolvimento e bem-estar geral. A especialista destaca três desses benefícios:

1 – Melhorar as habilidades motoras

Um dos principais benefícios da fisioterapia para as crianças com autismo é a melhoria das habilidades motoras. Pacientes diagnosticados dentro do espectro podem ter comprometimentos ou dificuldades de desenvolvimento tanto das habilidades motoras grossas (como correr ou pular) quanto das habilidades motoras finas (como escrever à mão ou abotoar uma camisa).

Utilizando técnicas específicas e exercícios para enfrentar esses desafios motores, os fisioterapeutas se concentram em melhorar a coordenação, força, equilíbrio e consciência corporal. Sempre usando atividades divertidas e envolventes, as sessões de fisioterapia buscam ajudar as crianças com autismo a desenvolver e refinar suas habilidades motoras, permitindo que elas participem mais plenamente das atividades diárias em casa, na escola e em atividades recreativas.

2 – Melhorar a integração sensorial

A integração sensorial refere-se à capacidade do cérebro de processar e interpretar informações sensoriais do ambiente. Muitas crianças com autismo apresentam dificuldades de processamento sensorial, podendo ser hipersensíveis ou hipossensíveis a certos estímulos sensoriais.

Em ambos os casos, a fisioterapia, com a utilização de atividades motoras, pode desempenhar um papel importante neste processo de integração sensorial. Os fisioterapeutas, ao agregar estímulos como saltar uma corda, jogar uma bola, pedalar uma bicicleta, apresentam estímulos motores que ativam diferentes sentidos e buscam respostas motoras adequadas. Consequentemente, há integração de vários estímulos que foram apresentados, e a criança responde positivamente com a resolução desses desafios.

3 – Promover a interação social

A interação social pode ser desafiadora para crianças com autismo, pois elas podem ter dificuldades de comunicação e habilidades sociais. Para essa questão, a  fisioterapia pode oferecer oportunidades para interações sociais significativas em um ambiente estruturado e de apoio.

Durante as sessões de fisioterapia, os pacientes podem participar de atividades em grupo ou trabalhar em colaboração com o terapeuta e colegas. “Essas interações promovem a socialização, a comunicação e a cooperação. Os fisioterapeutas também podem incorporar atividades lúdicas que incentivem a alternância, o compartilhamento e a atenção conjunta, promovendo comportamentos sociais positivos”, destaca a Prof.ª Dra. Juliana.

Sobre a Prof.ª Dra. Juliana Bilhar – Fisioterapeuta, Doutora e Mestre em Ciências pela USP, especialista em Fisioterapia Neurofuncional pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Doenças Neuromusculares pela Unifesp.  

Via | Assessoria Foto | Freepik

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