Parte do investimento é feito por meio do Fundo Clima na modalidade Resíduos Sólidos, que prevê, dentre os itens apoiáveis, o desenvolvimento e implantação de logística reversa e manufatura reversa
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará R$ 24,5 milhões para a produção de madeira plástica pela empresa Madeira Plástica Ambiental S.A. O aporte será para a expansão da fábrica em União da Vitória, Paraná, que tem previsão de dobrar a capacidade atual instalada, alcançando 2 mil toneladas de madeira plástica por mês. Parte do investimento é feito por meio do Fundo Clima, no montante equivalente a R$ 12,6 milhões com taxa fixa e R$ 11,9 milhões em crédito a taxas de mercado.
A madeira plástica é semelhante à madeira natural, mas é produzida a partir da reciclagem de vários tipos de plásticos que são processados, chegando em um produto elegante, resistente e moderno. Ela pode ser utilizada em diferentes aplicações, como fabricação de decks e mobiliários, nos mercados de construção civil e rural. A madeira plástica tem algumas vantagens técnicas em relação à natural, sendo as principais a resistência à umidade, a durabilidade e a resistência a pragas, como brocas e cupins.
Além de ser um produto de origem reciclada, a madeira plástica é também 100% reciclável, e é por isso que a empresa implementa a logística reversa, recebendo retalhos e sobras de obras de revendedores para reprocessá-los e transformá-los em novos produtos.
A fábrica da Madeira Plástica está localizada no centro do segundo maior polo de reciclagem de papel no Brasil. Em um raio de 150km, há 23 recicladoras de papel, gerando rejeitos plásticos destinados à empresa, que processa atualmente 2,7 mil toneladas mensais destes rejeitos, os quais seriam descartadas em aterros industriais.
“O Fundo Clima é uma importante ferramenta para o financiamento da neoindustrialização verde no Brasil, com foco no fortalecimento do setor produtivo nacional em compasso com a transição ecológica. Essa é uma prioridade do governo do presidente Lula e, portanto, buscamos recentemente fortalecer esse instrumento no âmbito do Plano Mais Produção, braço de financiamento da Nova Indústria Brasil”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante
A empresa projeta e adapta as próprias máquinas para transformar resíduos industriais provenientes das fábricas de reciclagem de papel, antes considerados sem utilidade, em madeiras plásticas. No processo produtivo, os resíduos são reaproveitados de jeitos diferentes: vários tipos de plásticos são transformados em madeira plástica; fibras de papel são doadas ou vendidas para empresas de papel; metais ferrosos são vendidos a usinas de reciclagem; por fim, parte do rejeito retorna ao fornecedor para destinação correta.
O projeto está aderente ao Fundo Clima na modalidade Resíduos Sólidos, que prevê, dentre os itens apoiáveis, o desenvolvimento e implantação de logística reversa e manufatura reversa. Ele também está alinhado ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos ao contribuir para reciclagem dos resíduos industriais, porque reduz o descarte em aterros sanitários e incineradores e reintroduz os insumos ao processo industrial.
Economia circular
A circularidade das atividades produtivas corresponde aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O principal pilar do novo modelo de produção é o reposicionamento do resíduo como insumo/matéria-prima, o que amplia o ciclo útil dele.
“O BNDES tem histórico de apoio a uma diversidade de projetos no campo da economia circular, como linhas de financiamento à inovação, aquisição de máquinas e equipamentos de baixo carbono e geração de energia alternativa e eficiente”, revela o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco, José Luís Gordon.
No modelo linear de produção, os recursos são extraídos do meio ambiente, depois transformados em produtos que são descartados após o uso. O descarte inadequado de resíduos provoca contaminação da vegetação e de corpos d’água, estimula a proliferação de potenciais transmissores de doenças contagiosas e afeta a saúde dos residentes do entorno. A biodegradação do material orgânico, que ocorre em aterros sanitários, produz gás metano, o que intensifica o aquecimento global.
Segundo o relatório The circularity gap report de 2019, só 9% da economia global é circular, o que significa que o planeta reutiliza menos de 10% das 92,8 bilhões de toneladas de minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa consumidos todos os anos em processos produtivos.
“A fábrica surgiu com o propósito de resolver um problema ambiental, transformando rejeitos em resíduos, que não teriam outro fim se não aterro industrial. Durante esta caminhada, encontramos enormes desafios econômicos, de comercialização e desenvolvimento de tecnologia, que foram vencidos através de uma equipe unida que construiu a essência da In Brasil. Assim, do compromisso com o meio ambiente, nasceu a Madeira Plástica”, explica o diretor executivo, Osmar Mequelissa.
Via | Assessoria BNDES Foto | Divulgação
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