Sebrae participou da primeira reunião do grupo de trabalho da Parceria Global para Inclusão Financeira (GPFI), nesta quinta-feira (14). Participação das mulheres no setor também foi debatida
A experiência do Sebrae na promoção do acesso a crédito para pequenos negócios foi um dos destaques da primeira reunião do grupo de trabalho da Parceria Global para Inclusão Financeira (GPFI) do G20, realizada nesta quinta-feira (14), em Brasília. O encontro denominado “Impulsionando o crescimento: destravando acesso ao financiamento pelas Micro e Pequenas Empresas por meio de políticas, inovação e parcerias”, trouxe representantes de diversas nacionalidades com apontamentos para aprimorar a inclusão de milhões de pessoas no sistema financeiro. O evento foi resultado de uma parceria entre o Sebrae, o Banco Central do Brasil e a Internacional Finance Corporations (IFC).
Em mensagem por vídeo, o presidente do Sebrae, Décio Lima, que está em missão nos Estados Unidos, apresentou os esforços da instituição para lançar um programa, juntamente com o governo federal, que dará condições de garantia para alavancar R$ 30 bilhões em crédito para os empresários – o maior valor nos últimos 28 anos.
“Estamos construindo uma política de crédito com a parceria de várias instituições financeiras por meio do nosso fundo garantidor. Na prática, o Sebrae vai atuar como avalista nas ações de crédito para os pequenos negócios, integrado ao programa de crédito assistido”, explicou Décio Lima. “Entendemos que a inclusão financeira passa pela construção das políticas públicas, pela educação financeira para as decisões corretas e a desconcentração do sistema financeiro buscando fomentar alternativas de acesso ao crédito e financiamento para alcançarmos um patamar de menores taxas de juros”, completou.
O Sebrae contribui efetivamente para a ampliação do acesso ao crédito por parte dos pequenos negócios por meio do Fundo de Aval das Micro e Pequenas Empresas (FAMPE). Mais de 600 mil empresas já contaram com aval do Fundo para obterem crédito. Atualmente, o FAMPE viabiliza 330 mil operações ativas, que contemplam mais de 300 mil pequenos negócios.
Diante de representantes de governos, instituições financeiras e entidades das 20 maiores economias do mundo, Giovanni Beviláqua, coordenador de acesso a crédito do Sebrae, relatou que o número de empréstimos subiu durante a pandemia, chegando a quase 8 milhões de negócios. No entanto, atualmente, a alta taxa de juros espantam a clientela. “Esse crédito é caro no Brasil. Chega a 40%, seguindo o reflexo da taxa básica de juros (Selic). Por isso, a metade dos pequenos negócios não toma empréstimo dentro do sistema financeiro formal. Depois da pandemia, encontramos um ambiente adverso, com taxas de juros mais elevadas e situações macroeconômicas difíceis com as empresas desassistidas”, explicou.
“O Sebrae empenha um grande esforço para melhorar o acesso ao crédito e investimento para as pequenas empresas por meio de assistência, orientação e auxílio na toma de decisão sobre financiamento para que seja mais efetiva, inteligente e sustentável”, destacou Giovanni Beviláqua.
Para melhorar o cenário, o analista sugeriu ações concretas por parte dos governos e das entidades ligadas ao setor das micro e pequenas empresas. São elas: democratizar o conhecimento financeiro; reduzir barreiras culturais e sociais; incentivar a formação de redes e capital social; desenvolver instrumentos financeiros alternativos; além da promoção da transparência e a regulação sobre o tema. “O problema da desigualdade se mostra de diversas formas. O que precisamos pensar é como atuar e construir países mais robustos e mais socialmente inclusivos, que permitam um maior desenvolvimento de toda a sociedade”, apontou.
Empreendedorismo feminino
No período da tarde, a coordenadora do Sebrae Delas, Renata Malheiros, compartilhou percepções sobre a promoção de políticas para estimular o empreendedorismo entre as mulheres. Em cinco anos, o programa atendeu mais de 14,2 milhões de mulheres com incentivo, valorização e aceleração da jornada empreendedora. “As mulheres enfrentam desafios adicionais, à semelhança de outros grupos como negros, que tem muita relação com questões culturais. Reflexo disso é que as empresas lideradas por mulheres ganham 60% menos do que as lideradas por homens. Além disso, elas dedicam menos 17% de horas ao negócio pois estão provendo cuidados para a família”, comentou.
“A boa notícia é que existe uma saída e com certeza podemos mudar a nossa cultura. Há alguns anos não poderíamos votar, ir para a universidade ou abrir a empresa sem pedir para o marido. Ainda enfrentamos barreiras culturais, mas elas podem ser mudadas”, ressaltou. “No Sebrae Delas, além dos cursos de gestão, desenvolvemos as habilidades socioemocionais, como comunicação assertiva, negociação, persuasão, e apoiamos a criação de redes de apoio e de negócios femininos”, afirmou Renata Malheiros, que também sugeriu que as instituições financeiras tenham um olhar especial para a disponibilização de crédito voltado para esse público. “As mulheres são capazes de fazer crescer toda a sua comunidade ao redor. A diversidade vai levar à inovação, que levará a uma maior competitividade”, concluiu.
Sobre o evento
O encontro reuniu representantes de países integrantes do G20, de organizações internacionais, de instituições financeiras e de órgãos públicos para discutir ações sobre a inclusão financeira, incluindo a avaliação gargalos e avanços ocorridos nos últimos anos. Também foram avaliados cenários e tendências, a capacidade de pagamento das micro, pequenas e médias empresas e discutidos temas como: transformação digital; fintechs; governança ambiental, social e corporativa (ESG), entre outros.
Via | Assessoria Foto \ Divulgação
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