Que tal parar para ouvir o próximo?
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Que tal parar para ouvir o próximo?

O transtorno mental é uma das doenças mais comuns na sociedade moderna e uma das principais causas relacionadas à depressão. São situações em que a pessoa tem sentimento de tristeza e melancolia, começa a se depreciar, com pensamentos de que não é bom o bastante, não se gosta, se sente horrível e coisas negativas que se tornam uma crença interna tão séria e tão verdadeira para ela, que não é que o mundo a expulsa, é ela que não consegue estar ali no meio.

Esse desequilíbrio provoca oscilações imprevisíveis no estado emocional. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria estimam que 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. A partir dessas informações é que podemos agir. O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza seu trabalho por meio de atendimentos e o Setembro Amarelo é a forma de conscientizar sobre a triste realidade de 12 mil registros de suicídio no Brasil todos os anos.

O mês de campanha já passou, mas a conscientização e atenção aos pequenos sinais devem permanecer diariamente para podermos fazer a diferença positiva na vida de quem sofre sozinho com essa dor. O indivíduo com ideação suicida traz o assunto em meio as falas e tende a se interessar por temas mórbidos, e a gente precisa olhar para isso e fornecer o apoio necessário, que consiste muitas vezes em conversar e dar espaço para ela falar o que precisar, botar para fora.

Contudo, ouvir é um grande desafio, como escreveu Artur da Távola em um de seus artigos ao explanar sobre ‘O difícil facilitário do verbo ouvir’, no qual a pessoa, ao invés de ouvir, ela já pensa na resposta e no julgamento que estão fazendo do que o outro está falando. Então, ela não consegue enxergar de fato o que tem atrás daquela fala. Acredito que ouvir, hoje, seja uma das ferramentas mais importantes para podermos ajudar quem sofre com os transtornos mentais.

É preciso trazer essa consciência para o nosso dia a dia, de nos aproximarmos, de sentar junto em um fim de tarde, para conversar, jogar um baralho, qualquer coisa assim pode ser o grande escape que alguém precisa. Há casos de pessoas que se encontravam em uma situação extrema e o simples fato de estar com alguém, em uma palestra, ouvir uma música, falar e ser ouvido, mudaram o rumo da atitude delas.

Aprender a ouvir é uma habilidade que precisa ser levada a sério. Inclusive, para aprendermos a nos adequar ao mundo dessas pessoas, porque elas têm um mundo único e o nosso papel enquanto amigo, família e sociedade é facilitar para poderem viver e se sentirem bem. Afinal, nós queremos ser um agente facilitador e não dificultar a vida de ninguém.

Dar espaço é primordial, o que não significa abandonar, então socialize-se com elas. Mas tenha em mente que o indivíduo com transtorno mental para compartilhar algo leva tempo até ela ter a confiança necessária para expor seus pensamentos. Fato importante de se destacar é que existem transtornos mentais de várias formas e níveis, pois cada ser tem suas necessidades emocionais e psicológicas e deve ser avaliado por um especialista. E aí, já deu atenção a alguém hoje? 

CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. 

Acesse cvv.org.br ou ligue 188

Via | Sonia Mazetto é Gestora de Potencial Humano, Terapeuta Integrativa, Fonoaudióloga e Palestrante  Foto | Assessoria

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