A tecnologia atual é, sem dúvida, algo espantoso, se a compararmos com a forma como os nossos familiares viviam há apenas algumas décadas ou, num esforço mental ainda mais hercúleo, como os nossos antepassados sobreviviam há alguns séculos. Isso não quer dizer, no entanto, que tudo (absolutamente tudo!) melhorou. Para ser sincero com você, dear reader, na minha humilde (muy modesta) opinião, em alguns aspectos, parece que continuamos iguaizinhos, ou até mesmo piores.
No campo da Linguagem, por exemplo, ao qual eu me dedico há mais de trinta anos, centenas de milhares de brasileiros de todas as idades, apesar de toda essa variedade de recursos tecnológicos à disposição, continuam tendo (grande, enorme, inexplicável) dificuldade para aprender somente o bastante para serem considerados minimamente fluentes no idioma bretão, tido como a
lingua franca moderna já faz um bom tempo.
O que é deveras interessante nesse reality show em que se transformou as nossas vidas é perceber que a maioria daqueles que compõem essa massa de brasileiros tem celular bom e acesso a Internet de ótima qualidade, além de notebook/laptop, tablet ou até mesmo um PC (personal computer) que dão milhões de opções de sites e tutores (pagos ou gratuitos), mas, mesmo assim, não consegue a almejada fluência na English language, ao menos como desejado – o suficiente para “mudar de vida”, seja lá o que alguns queiram dizer com isso.
Uma das explicações para que este fenômeno persista é o fato de que muitos Brazilians continuam a se iludir com prazeres mais imediatos (compras, saidinhas, viagens, etc.) e a utilizar de modo inadequado recursos de forte apelo popular como músicas/canções, filmes/séries e jogos. Outra justificativa é a (des)crença nas promessas feitas por escolas especializadas, instagrammers, facebookers e youtubers de tornar fluentes em pouco (pouquíssimo) tempo todos aqueles interessados (ou todas aquelas interessadas) em seguir essa ‘jornada’. Todos, sem exceção. Não é bom demais para ser verdade?
Por isso que eu, um iniciante no nicho do compartilhamento do meu capital intelectual no aparentemente infinito mundo digital, tento controlar a sanha/volúpia do meu assessor/produtor toda vez que ele vem com essa história de que é preciso convencer/persuadir as pessoas para que elas invistam seu tempo e seu dinheiro naquilo que eu estou oferecendo (ou só eu posso oferecer) a elas. Daí, de vez em quando, eu me pego pensando: fazer lives, reels, stories, posts, copies e o escambau para dizer a elas o que elas estão cansadas de ouvir, mas não fazem? Fuck it!
Ora, o inglês de hoje está mais modernizado e pomposo, talvez. Muito mais requisitado e usado do que os demais, sem dúvida. Mas a sua essência continua a mesma: seu usuário precisa ter boa pronúncia e ser capaz de ouvir, falar e escrever bem as mais diversas palavras e expressões. Sinceramente, quem dos seus familiares, amigos e vizinhos é capaz de fazer isso? No need to answer!
Embora a exigência no mercado de trabalho, em alguns setores da educação e no mundo do entretenimento tenha se modificado bastante, é preciso reconhecer que, por outro lado, apesar dos convênios e das parcerias feitos aqui e acolá (que costumam durar pouco tempo, têm alto custo e beneficia uma minoria), o sistema educacional dos municípios, dos estados e mormente do governo federal não consegue acompanhar essa realidade que nos salta aos olhos e ouvidos todos os dias.
Prova disso você pode ver no semblante da maioria dos colaboradores das diversas empresas e vários órgãos que temos na cidade e região quando eles ouvem alguém falar inglês por perto, ao vivo. Para tanto, basta chegar chegando e dizer em alto e bom som “Hi! Does anybody here speak English?” para ver o que acontece…
Via | JERRY T. MILL é presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro-fundador da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras) e associado honorário do Rotary Club de Rondonópolis.