Era o ano de 1991, quando surgiu a ideia de ter um CVV em Cuiabá. De acordo com Ana Rosa, uma das fundadoras, a ideia foi abraçada por um grupo de voluntários da Associação Espírita Paulo de Tarso. Para saber o que era preciso o representante do CVV Nacional, Valentim Lorenzetti, esteve na Capital fez uma palestra na FIEMT e ao final falou que quem quisesse participar do comitê de Fundação era para colocar o nome na lista e aí formou-se uma fila enorme de pessoas interessadas.
PSV
O Programa de Seleção de Voluntários aconteceu na UFMT. “Só tínhamos uma apostila mimeografada com quatro temas e tinha acabado de ser lançado o livro Proposta de Vida. A equipe de Goiânia nos treinava de manhã e a noite. E aí a gente repassava esse conhecimento a tarde para os novos voluntários. De 300 candidatos, 60 concluíram e se tornaram voluntários”, explica Ana Rosa.
Sede e Telefone
Começava uma corrida para arrumar casa para funcionar como sede e a busca por telefone que na época era muito caro
Ana Rosa conta que estava passando pela rua Barão de Melgaço quando viu um imóvel que daria certo para ser o CVV, a casa estava fechada. “Busquei informações e soube que o imóvel era de um médico conhecido conversei com ele, falei do projeto e ele de pronto deu a chave. Começamos ali a limpeza e a reforma do local. Quanto ao telefone, uma voluntária conseguiu pra gente.”
DESAFIOS
Com o tempo surgiu a necessidade de ter uma sede própria, foi quando uma autoridade conseguiu R$ 50 mil reais. A casa escolhida para comprar é a que funciona como sede até hoje que fica na rua Comandante Costa, 296 no Centro de Cuiabá. Como o imóvel era R$ 60 mil, foram realizadas várias ações de venda de pizzas para angariar recursos para completar o valor total do imóvel.
SERIEDADE
O CVV Cuiabá é respeitado em todo Brasil por conta do trabalho que é realizado. “É um trabalho voluntário mas pra fazer parte é preciso seguir à risca as regras. “Me lembro que minha maior dificuldade no início foi excluir um voluntário que era muito amigo meu. Doeu muito, mas foi preciso, o trabalho exige dedicação e se o voluntário não tem disponibilidade ou se descumpre as regras não tem como continuar”, diz Ana Rosa.
ANIVERSÁRIO
“Nesses 30 anos foram muitos desafios e com muito orgulho posso dizer que vencemos todas as dificuldades. Muitas pessoas ao longo dessas três décadas fizeram questão de ajudar e nunca quiseram aparecer. Já outras pessoas só queriam ajudar se tivessem algum tipo de vantagem o que, claro, não aceitamos”, se orgulha Ana Rosa.
FAV
Para pagar as contas do posto como IPTU, luz, água, internet entre outras… existe a FAV Fraternidade de Apoio a Vida que é a mantenedora. Os voluntários ajudam com contribuições mensais e além disso, o CVV, realiza todos os anos eventos. O Bifão, por exemplo já se tornou tradicional um almoço que reúne muita gente. Mas, com a pandemia não foi possível realizá-lo no ano passado e este ano. Então nesse período os voluntários venderam pizzas como forma de arrecadar recursos para manter o posto durante o ano.
FALANDO SOBRE SUICÍDIO
Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.
O QUE LEVA UMA PESSOA A SE MATAR?
Vários motivos podem levar alguém ao suicídio. Normalmente, não é um motivo único, e sim um conjunto de situações e a pessoa tem necessidade de aliviar pressões como: cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso, humilhação etc.
QUAIS SÃO OS SINAIS QUE UM SUICIDA PODE DAR?
=>A pessoa que sempre foi alegre passa a ficar frequentemente triste, sem vontade de fazer atividades, tá sempre desanimada e sem vontade de viver;
=> A pessoa não se cuida. Está sempre desleixada, não corta/arruma o cabelo, barba, usa roupa suja, velha, rasgada;
=> Tem atitude que demonstra não se importar com a vida. Exemplo: dirige perigosamente;
=> Pode ser também que a pessoa esteja pensando em cometer suicídio e ai organiza contas, testamento, passa tempo escrevendo cartas…;
=> “Vou me matar” A pessoa menciona que está pensando em cometer suicídio e muitas vezes esse comportamento é visto como forma de chamar a atenção.
O QUE FAZER SE OBSERVAR ALGUM DESSES SINAIS?
Conversar, ouvir sem julgar os pensamentos. Buscar ajuda profissional. Orientar sobre o CVV que funciona 24 horas e oferece apoio emocional
QUEM ESTÁ POR PERTO PODE AJUDAR? COMO?
Sim pode. É preciso perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproximar e perguntar “tem algo que eu possa fazer para te ajudar?”, a pessoa pode sentir abertura para desabafar. Nessa hora, ter alguém para conversar pode fazer toda a diferença. E qualquer um pode ser esse “ombro amigo”, que escuta sem fazer críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir respeitando o momento e a forma de pensar desta pessoa
OUTROS TRABALHOS QUE O CVV CUIABÁ REALIZA
O CVV Comunidade disponibiliza diversas ferramentas para a sociedade:
CVV GASS – Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio – destinado a pessoas próximas de alguém que cometeu o suicídio e àquelas que tentaram o suicídio;
CRC – Caminho de Renovação Contínua – para reflexão e troca de experiências;
Cine SER CVV – exibição de filmes acompanhado de reflexões numa roda de conversa;
Curso Caminho de Valorização da Vida – no qual se busca o autoconhecimento por meio do compartilhamento de vivências do dia-a-dia, com dez encontros de duas horas cada;
Seminário Saber Escutar é uma Arte – voltado para a sociedade.
Esses trabalhos eram realizados de forma presencial, devido a pandemia, são feitos agora de forma virtual
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.
30 anos CVV
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