O pedido foi feito pelos indígenas à Justiça do Trabalho e à Polícia Militar Ambiental (PMA) durante a 5ª Expedição de Educação Ambiental no Pantanal, organizada pela PMA em parceria com instituições públicas e ONGs, em dezembro do ano passado. O desembargador João de Deus Gomes de Souza, do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (MS), e o juiz do trabalho Márcio Alexandre da Silva estiveram na comunidade e se sensibilizaram com a dificuldade de acesso e comunicação dos ribeirinhos.
“Percebemos as limitações físicas e geográficas e providenciamos a instalação do receptor e o deslocamento de um técnico de Campo Grande até a aldeia para instalar um sinal de internet”, explica o juiz. “O custo, de cerca de R$ 4 mil, será pago com multas trabalhistas, e a mensalidade será custeada pelas famílias indígenas”. A PMA ofereceu a logística e o apoio nos deslocamentos.
O sinal também atenderá à Escola Estadual Indígena João Quirino de Carvalho – Toghopanãa. Atualmente, o coordenador pedagógico da escola Laucídio Corrêa da Costa, vice-cacique da aldeia, tem de se deslocar até Corumbá para usar a internet e lançar os dados escolares dos alunos no sistema informatizado da Secretaria Estadual de Educação. A viagem leva cerca de 30 horas. “O acesso de indígenas até a cidade de Corumbá está sendo por bote e rabetas, que comportam de três a quatro pessoas e pouco peso, porque esse tipo de embarcação, quanto mais carrega, maior o consumo de combustível”, explica.
Primeiro contato
Na quarta-feira (20), os indígenas tiveram o primeiro contato utilizando internet diretamente da aldeia, em videoconferência do coordenador da escola e do cacique com representantes da Justiça do Trabalho e da Polícia Militar Ambiental. “É um dia histórico para a comunidade guató”, comemorou Laucídio.
Para o desembargador João de Deus Gomes de Souza, esse é um momento ímpar para os indígenas e para a Justiça do Trabalho. “Vi ali os excluídos do mundo”, afirmou. “Conversamos com a comunidade e vimos um povo totalmente isolado. Espero que, com essa semente plantada, possamos avançar na distribuição da justiça social”. Ele lembrou que, no final do ano passado, o TRT, numa iniciativa do Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, levou material esportivo para a escola local, como forma de estímulo ao esporte e diminuição da evasão escolar.
Para o presidente do TRT, desembargador Amaury Rodrigues Pinto Junior, o trabalho realizado na aldeia faz parte da missão social dos magistrados e dos recursos provenientes de multas trabalhistas, que devem ter uma destinação nobre. “É muito importante quando a Justiça do Trabalho se aproxima da população que mais necessita de apoio. Hoje, o acesso à internet é, sem dúvida também, um exercício de cidadania”, ressaltou.
O capitão Diego Ferreira, da PMA, observou que a iniciativa também é importante para o órgão. “A Polícia Militar Ambiental vai para a região e, às vezes, fica uma semana em operação”, explicou.
Quem são os guatós?
De acordo com o antropólogo e historiador Giovani José da Silva, a terra indígena guató é uma área de cerca de 10 mil hectares na região noroeste de Corumbá. Os únicos acessos à aldeia Uberaba são por vias fluvial ou aérea. A base alimentar dos indígenas é a pesca, caça e a agricultura. com o plantio de mandioca, milho e cereais.
Via | Assessoria TRT
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