Candidato do DEM foi o segundo a ser entrevistado pelo jornal Primeira Página.
O candidato ao governo de Mato Grosso Mauro Mendes (DEM) foi entrevistado ao vivo nesta terça-feira (28), durante o jornal Primeira Página, da Centro América FM.
Essa foi segunda entrevista da série. O primeiro a ser entrevistado foi o candidato Arthur Nogueira (Rede).
Nesta quarta-feira (29) o entrevistado será o governador Pedro Taques (PSDB). Na quinta-feira (30) será Moisés Franz (PSOL) e na sexta-feira (31), Wellington Fagundes (PL). A ordem das entrevistas foi definida em sorteio.
CAFM: Vamos relembrar um pouco da sua trajetória. Mauro Mendes foi prefeito de Cuiabá. Em 2016, com chances de ser reeleito, o senhor desistiu de ser candidato à reeleição para cuidar das suas empresas e por uma decisão familiar. Por que o senhor mudou de ideia agora? As empresas não precisam mais do senhor?
Mauro Mendes: Em 2016, eu não pude. Estava como prefeito de Cuiabá, apesar de que a nossa administração teve mais de 90% de aprovação, naquele momento nós não podíamos. Eu sempre tratei a política como contribuição e não como uma profissão. Voltei para casa e fui cuidar dos meus afazeres. Nossas empresas completam dois anos agora em setembro que entraram num programa do governo para recuperação judicial e nós estamos saindo da recuperação judicial após problemas que tivemos com alguns clientes por falta de pagamento. Tivemos uma crise momentânea, conseguimos sair graças a Deus e pela equipe e reforçada por mim. Retorno à vida pública que eu sempre consegui contribuir a minha vida inteira, desde a UFMT, sindicatos, federações de indústrias e prefeito de Cuiabá. E nesse momento, Luzimar, Mato Grosso passa por uma grave situação. Mato Grosso não consegue honrar compromissos importantes, pagamento de fornecedores, com atrasos grandes, repasses aos municípios, UTI fechando, hospital fechando e salário atrasado. Precisa de alguém com experiência e isso nós podemos oferecer ao povo de Mato Grosso. E o Pivetta que foi três vezes prefeito de Lucas do Rio Verde, como vice-governador.
CAFM: O senhor já começou falando e todos que são candidatos, juntando as coisas: orçamento, a secretaria de planejamento, como fazer pra sobrar dinheiro pra investimento, se está realmente apertado. Rapidamente aquilo que diz o TCE-MT, são mais de seis mil comissionados, assim e tal, e sobraria mil e setecentos cargos comissionados, que ganha três milhões, em média, se mandar todo esse pessoal embora, vai ter que.
Mauro Mendes: Realmente. Mato Grosso passa por uma grave crise no governo. O estado que não consegue pagar adequadamente, não consegue o mínimo necessário para que nós preste um serviço de qualidade. Ao cidadão. A saúde piorou muito nos últimos anos, temos centenas de obras paralisadas. No estado. Como mudar? Com muito trabalho e seriedade. Nós vamos enxugar essa máquina. Temos um estudo que mostra que é possível reduzir de 23 para 16 secretarias e nós vamos cortar 30% dos cargos comissionados, ou seja, que são de indicação política, para atuar dentro do governo.
CAFM: Mas isso é muito pouco, como o Alfredo acabou de citar. É pouco.
Mauro Mendes: É pouco, mas vamos mostrar para a sociedade que você está cortando na carne. Nós vamos mostrar que é possível economizar de várias áreas possíveis de se imaginar. Por exemplo, eu, como governador, não vou ficar usando jatinho. Que hoje tem alugado o governo, que só de jato gastou R$ 70 milhões. Se você pega R$ 70 milhões, que é usado para táxi-aéreo. Eu sempre fui pra Brasília de avião de carreira. Custa R$ 1 mil ou R$ 800. Se vai eu e mais um ou dois assessores, são R$ 3 mil. Um jatinho pra Brasília são R$ 60 mil. E outra economia ali, outra economia aqui, talvez isso não seja suficiente, mas é necessário você mostrar pra sociedade que ninguém, absolutamente ninguém, aguenta mais aumento de imposto.
CAFM: Sim, mas tem que resolver.
Mauro Mendes: Sim, o que resolve é você fazer a economia crescer. Tem que enxugar a despesa de tudo quanto é forma, você mostra pra sociedade que você tá fazendo a sua lição de casa e depois que parte para outra coisa que verdadeiramente vai ajudar Mato Grosso, que é destravar a economia e licenciar mais rápido, tirar a burocracia que hoje está espantando empreendedores e atormentando a vida de contadores e pessoas que querem empreender e investir em Mato Grosso.
CAFM: Como é essa desburocratização?
Mauro Mendes: A desburocratização é simplificar a abertura de empresas, simplificar processos tributários, simplificar licenciamentos ambientais.
CAFM: Isso depende da Assembleia Legislativa.
Mauro Mendes: Eu tenho certeza que a ALMT é parceira nisso.
CAFM: Mas, para haver essa reforma, tem que primeiro ter a reforma tributária em Brasília, que parou. Se mandar uma reforma tributária em Mato Grosso e, não fizer antes a nacional, pode chocar.
Mauro Mendes: Temos que parar com isso, de achar que alguém tem que fazer alguma coisa primeiro para depois você fazer a sua parte. Eu sei que o governador não pode fazer tudo, que as nossas leis estão subordinadas às leis federais. Nós temos que dar o exemplo, gente, pelo amor de Deus. Não podemos botar a culpa só nos outros e não fazer a nossa parte. O governador tem que economizar, tem que cortar o que puder cortar, tem que diminuir secretaria e enxugar a máquina. E eu sei que isso não é suficiente. Mostra pro cidadão que você está trabalhando com seriedade. Que você não tá lá simplesmente mantendo aquela coisa que tá ruim e que você não fez nada. Vamos fazer Mato Grosso crescer, poucos estados têm o potencial que esse estado tem. Você precisa criar novamente aqui o estímulo ao crescimento e precisa respeitar os empreendedores, pequenos, grandes e micros, pessoal da agricultura, todo mundo.
CAFM: Por exemplo, incentivo fiscal. O senhor vai manter? O que vai fazer com isso?
Mauro Mendes: É claro. Nós brigamos com uma empresa aqui no Distrito Industrial de Cuiabá, que fabricava uma latinha de cerveja e de refrigerante. Cortaram o incentivo fiscal deles. Sabe o que eles fizeram? Fecharam as portas e mudaram para Goiás, porque lá existe o incentivo fiscal. O incentivo fiscal existe em todos os estados. Todos os países capitalistas e socialistas têm e o mundo inteiro tem políticas de incentivo fiscal. Quem falar que vai fazer diferente disso, desconhece o que é economia e desconhece o que acontece no país inteiro e no mundo inteiro.
CAFM: Eu concordo, mas em números: do orçamento que está lá, R$ 3,8 bilhões, no ano que vem, de incentivo fiscal, e mais: algo como R$ 5 bilhões da Lei Kandir. Se olharmos, em Mato Grosso, nós temos uma renúncia de, aproximadamente, R$ 9 bilhões. Não vai haver, um trabalho ou pente fino enxugamento de parte disso para ver o que realmente está funcionando para ver se sobra algum dinheiro para o estado?
Mauro Mendes: Claro, tudo isso será feito. Aquilo que é bom continua, você tem que revisar. Os programas de incentivos fiscais é uma redução tributária do quanto é cobrado de imposto para você estimular mato grosso a atrair indústrias. Fazer com aquilo que somos muito competentes, do campo para fazer, agregue mais valor. Agora, chama pra vir de São Paulo ou Goiás, ou qualquer lugar, e não dê incentivo fiscal a ela, não reduz a carga tributária. Aqui a gente tem a energia elétrica mais cara do país, óleo diesel aqui é mais caro, as nossas distâncias aqui para os centros consumidores ou para exportação é um dos piores do país. Então, essa redução do imposto é para compensar essa desvantagem competitiva que Mato Grosso tem. Se não dermos esses incentivos a essas empresas, não vão vir nenhuma para cá. E aí vamos ficar com 100% de nada.
CAFM: Candidato, uma pergunta que a gente tem feito a todos. É o marco da nossa incapacidade de tocar uma obra até o fim: o VLT. O que o senhor vai fazer com o VLT se o senhor for eleito?
Mauro Mendes: Eu pedi até um ano, para fazer um estudo sério, verdadeiro estudo, para dar uma solução a esse grave e vergonhoso problema que passamos aqui na capital e em Várzea Grande, que envergonha a todos nós. Uma obra importante. Agora, porque eu peço um ano? Não adianta eu falar aqui que vou terminar a obra. Isso vai custar quase R$ 1 bilhão. Um estado que está faltando dinheiro para pagar para o combustível para as viaturas da polícia andar, onde vai achar R$ 1 bilhão? Não consegue pegar financiamento porque a nota junto à Secretaria do Tesouro Nacional, que permite buscar financiamento, foi rebaixada. Então, temos que dar uma solução com seriedade, debater com o Ministério Público e, a partir daí, você dar uma solução e implementar. Não dá para ficar chutando alternativas com coisas que não serão realizadas.
CAFM: Candidato, eu li seu plano de governo. E uma coisa me chamou muito a atenção: tem a seguinte frase: não faltará médico nem remédio. O senhor promete dar uma mudança radical na gestão da saúde para melhorar problemas graves de saúde que temos aqui. Quando o senhor era prefeito, eu me lembro, a gente continuava fazendo matéria de problemas de saúde, como falta de médico também, deficiências no Pronto-Socorro. Como prefeito, o senhor sentiu a dificuldade e não solucionou todos os problemas. Como o senhor garante que não faltará remédio nem médico como está no seu plano.
Mauro Mendes: Esse é o grande objetivo. Mais de 80% dos problemas de saúde que as pessoas passam se resolvem com médico e remédio para as pessoas tomar. Apenas 10 % precisa de um exame mais especializado e até mesmo de uma intervenção cirúrgica. Se você conseguir garantir a presença do médico e os remédios nos municípios de Mato Grosso, grande parte dos problemas na saúde melhora. Muita gente ficaria no interior, ficaria lá atendido, e isso poderia minimizar o impacto do sofrimento de muita gente. Uma das nossas propostas é fazer uma compra centralizada de medicamentos de hospital para os 141 municípios de Mato Grosso. Hoje o município de Araguainha, qualquer município, tem dificuldade de comprar remédio. A lei de licitações é muito burocrática, demora muito tempo. Ao comprar centralizado, nós vamos fazer uma grande compra e vai garantir que os municípios do interior, e até mesmo da capital, não tenham esses problemas que afeta muito a qualidade da saúde em Mato Grosso. Outra coisa é Mato Grosso pagar os municípios para que eles cuidem da saúde do município. Hoje o repasse do estado está oito meses em atraso. Quando eu sai da prefeitura o governo ficou devendo R$ 25 milhões.
CAFM: O dinheiro não dá. Como arrumar mais dinheiro?
Mauro Mendes: Que tem pouco dinheiro, eu posso até concordar. Mas eu não gosto muito de ficar dando desculpa e não fazer nada. Cuiabá, o dinheiro não dava, mas nós inauguramos um hospital novo, arrumamos dinheiro para isso, inauguramos duas UPAs, reformamos o terceiro andar do Pronto-Socorro, inauguramos o centro de recebimento e compra de medicamentos, que é um dos melhores do país. Dá para fazer alguma coisa. Não resolvem todos os problemas, não. Não estou falando em pegar uma varinha de condão e sair resolvendo os problemas, não existe mágica. Existe trabalho sério e a correta aplicação do dinheiro. Isso muda a realidade a longo prazo. Quatro anos passa muito rápido. Você precisa fazer um trabalho sério, honesto e competente ao longo de alguns anos. É um passo muito grande aqui em Cuiabá. Começamos um novo Pronto-Socorro, quando era prefeito, e, se Deus quiser, vou terminar como governador.
CAFM: Como vai ser a questão com poderes? R$ 2,4 bilhões no orçamento do ano que vem. Vai diminuir o dinheiro deles?
Mauro Mendes: O tratamento é feito com respeito e diálogo. Não dá para estabelecer um clima de briga e brigando entre os poderes. Porque casa em que todo mundo briga, ninguém tem razão. Hoje tem uma ‘brigaiada’ e disputa entre os poderes. Vamos dialogar e todo mundo vai ter que dar uma parte de contribuição. Se não, a gente vai ficar nesse buraco que está hoje aí: está faltando dinheiro para tudo. Eu, quando fui prefeito, nunca atrasei um único dia. Sempre paguei salário em dia. O cidadão não quer um estado que arrecada, paga salário em dia, paga os poderes em dia e não tem remédio ou infraestrutura, não tem dinheiro para melhorar a saúde.
CAFM: Pode diminuir um pouco? O dinheiro desse ou daquele poder.
Mauro Mendes: Eu acredito que sim, mas nós vamos dialogar. Eu não quero brigar porque eu sei que a briga não é o melhor caminho para a democracia e aquilo que nós precisamos em Mato Grosso. Vou dialogar e mostrar que todos têm o dever de contribuir para tirar Mato Grosso dessa realidade.
CAFM: Vamos falar de segurança pública. O senhor tem proposta e medidas eficazes de melhorar a produtividade na segurança pública. Uma das medidas é mexer na carga horária dos policiais militares. Como é que essa medida e que resultados o senhor espera com essa mudança na carga horária dos PMs?
Mauro Mendes: Não é uma proposta que eu fiz, isso não consta no meu plano de governo. Foi um mau entendido que surgiu de um comentário de um contexto que nós fizemos que foi recortada maldosamente, provavelmente colocada pelos adversários, nas redes sociais. Hoje os policiais trabalham numa escala ou de 12 por 36 horas ou de 24 por 72 horas. Então, eles trabalham 40 horas semanais como qualquer trabalhador. Posso mexer se for isso a melhor coisa para que eles possam produzir. Nós vamos conversar com a tropa, com os comandantes, e ver o que é melhor. O que nós queremos é que a segurança melhore em Mato Grosso. Ninguém aguenta mais. Precisamos endurecer esse jogo com os bandidos no nosso estado.
CAFM: Como que endurece esse jogo?
Mauro Mendes: Aplicando mais corretamente as leis, fazendo um trabalho de repressão ao tráfico de drogas, fazer uma segurança na fronteira com o Exército. Isso aí é uma negociação com o governo federal. Nossa fronteira é uma porta de entrada para as drogas. O tráfico é pai e mãe da maioria dos crimes que acontecem no país e em Mato Grosso.
CAFM: Os números mostram que o eleitor está muito pessimista em relação à política. Muitos dos candidatos têm problemas com a justiça. O senhor também é investigado pelo Ministério Público Federal pela compra de um imóvel e de uma mineradora. O senhor não acha que isso abala a credibilidade dos políticos?
Mauro Mendes: Não tem nenhum problema apontado quando fui prefeito de Cuiabá. Desafio você, eleitor, qualquer um, encontrar qualquer irregularidade que envolva a minha administração como prefeito de Cuiabá. Assim como me acusaram na Ararath, entraram na minha casa. Três anos depois foi arquivado com parecer da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Não cometi nenhuma irregularidade.
CAFM: Na política, como que vai ser o palanque dos presidenciáveis?
Mauro Mendes: Nós estamos focados em Mato Grosso. Nossa maior energia vai ser gasta falando de Mato Grosso. Acima de tudo, dar soluções daquilo que verdadeiramente acreditamos que é possível fazer em quatro anos.
CAFM: Falando em ser novo, como ser novo com uma política com candidatos que não são novos?
Mauro Mendes: Novo é muito mais que idade. Novo é aquilo que você faz e traz para a sociedade. Velho é quem acabou de entrar na política e já está fazendo corrupção.
CAFM: Candidato, conclusão para a gente acabar.
Mauro Mendes: Obrigado Mato Grosso e todos os que nos acompanharam. Com a ajuda de Deus e de todos que acreditam, apesar de Mato Grosso estar numa dura realidade, eu acredito que é possível fazer sim, um trabalho sério. Como administrador público e privado, quero me colocar à disposição, com seriedade, e entregar um Mato Grosso daqui a quatro anos muito melhor, como fizemos com a capital. Peço a todos os nossos eleitores o nosso voto: Mauro Mendes 25, Jayme Campos 251 e Carlos Fávaro 555. Bom dia e boa semana a todos.
Fonte | G1
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